malditas despedidas.

Hoje é mais uma daquelas malditas noites em claro. Hoje nada me faz companhia a não ser eu mesma, no quarto que em dias já não será mais meu, parei a refletir sobre tudo o que passou e está por vir. Me vi mudando, porque sim, a gente cresce. Me vi analisando circunstâncias as quais expressei em frases que bem me descreveram enquanto conversava com uma amiga querida, hoje mais cedo. E resolvi que são com essas palavras que eu vou começar aqui.

" Eu to atrás de formas de agradecê-lo, por tudo que ele fez por mim, por tudo que eu vivi ao lado dele. Pelo quanto ele me fez amadurecer, muito da mulher que hoje sou, resulta da menina que ele ensinou. Preciso agradecer a ele pelo grande companheiro, conjuge, cúmplice que ele foi mesmo a milhares de quilômetros, pelo amigo de anos que eu tive e pretendo seguir tendo. Mas a chama da paixão que havia entre nós já não clama pela eternidade. Mas não, não desvalorizo esse nosso amor, é amor, amor que passou por um conto de fadas por três anos, mas já não tem mais o tempero da paixão. Preciso dizer que o amo e que ele compreenda que meu amor é puro e já não mais acalentado por anseios de chamadas ao longo da noite ou sonhos de íntimos desejos.
Meus olhos já não acham mais o toque especial que eu costumava ver ao redor da silhueta que desenha os seus traços, já não o vejo como meu homem, pai dos meus filhos e marido pra toda uma vida. Não hoje. Eu acordei dessa idealização e vi diante de mim um horizonte novo, onde espero um mundo de felicidade para nós dois, como indivíduos. Meu lugar já não é ao lado dele. E eu sinto medo por isso! Como admitir sem ferí-lo? Como seguir adiante sem machucar meu tão bem quisto eterno amor? Logo agora quando a vida reduz as barreiras a um décimo, os olhos se abrem e a visão muda drasticamente. Mas o que fazer se meu peito já não palpita a cada anseio, a cada dúvida se o telefone irá chamar? Como proceder em já não imaginar beijos ou ter desejos? Tudo isso aconteceu tão rápido, vira meu mundo de cabeça pra baixo e me coloca em tamanha saia justa.
No curto espaço de tempo entre a desconfiança e o esclarecimento, veio a tona não a mentira dele mas a minha crua verdade. E hoje ao mesmo tempo que comemoro em me encontrar, me perco ao desejar que a mãe que mesmo de longe que eu tomei um pouco pra mim, que o homem que durante anos me ensinou a ser mais eu, compreendam que todo pássaro uma hora voa. Mas jamais esquece o quão queridas se tornam as andorinhas que junto a ti fizeram verão, inverno, outono e primavera. Que no conforto do ninho não se acha as frentes de toda uma vida e que é hora, de seguir em frente. Como dói não ter as formas para agradecer, como dói. "